1.4.18

Jorge Luis Borges (Everness)





EVERNESS



Sólo una cosa no hay. Es el olvido.
Dios, que salva el metal, salva la escoria
Y cifra en Su profética memoria
Las lunas que serán y las que han sido.

Ya todo está. Los miles de reflejos
Que entre los dos crepúsculos del día
Tu rostro fue dejando en los espejos
Y los que irá dejando todavía.

Y todo es una parte del diverso
Cristal de esa memoria, el universo;
No tienen fin sus arduos corredores

Y las puertas se cierran a tu paso;
Sólo del otro lado del ocaso
Verás los Arquetipos y Esplendores.


Jorge Luis Borges





Só uma coisa não há, o esquecimento.
Deus, que poupa o metal, poupa a escória
E cifra em sua memória
As luas a vir e as que já foram.

Está tudo, os milhares de reflexos
Que entre os crepúsculos do dia
Teu rosto foi deixando nos espelhos
E aqueles que ainda há-de deixar.

E tudo é uma parte do diverso
Vidro dessa memória, o universo;
Não têm fim seus longos corredores

E as portas fecham-se quando passas;
Só do outro lado do ocaso
Verás Arquétipos e Esplendores.


(Trad. A.M.)


> Outras versões: Arquivo RS (R. Suttana) / Poesia Latina (H. Zanetti)

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