25.2.17

Antonia Pozzi (Canto da minha nudez)





CANTO DELLA MIA NUDITÀ



Guardami: sono nuda. Dall'inquieto
languore della mia capigliatura
alla tensione snella del mio piede,
io sono tutta una magrezza acerca
inguainata in un color d'avorio.
Guarda: pallida è la carne mia.
Si direbbe che il sangue non vi scorra.
Rosso non ne traspare. Solo un languido
palpito azzurro sfuma in mezzo al petto.
Vedi come incavato ho il ventre. Incerta
è la curva dei fianchi, ma i ginocchi
e le caviglie e tutte le giunture,
ho scarne e salde come un puro sangue.
Oggi, m'inarco nuda, nel nitore
del bagno bianco e m'inarcherò nuda
domani sopra un letto, se qualcuno
mi prenderà. E un giorno nuda, sola,
stesa supina sotto troppa terra,
starò, quando la morte avrá chiamato.


Antonia Pozzi




Olha para mim, estou nua. Do langor
 inquieto dos cabelos
à tensão ligeira dos pés,
toda eu sou uma magreza amarga
embrulhada em cor de marfim.
Olha, é pálida a minha carne,
o sangue dir-se-ia que aí não corre.
O vermelho não transparece, só um lânguido
pulsar azul se esbate a meio do peito.
Vê como é cavado meu ventre, a curva
dos flancos incerta, mas os joelhos
e os tornozelos e as articulações
são descarnados e duros como os de um puro-sangue.
Hoje, deito-me nua, na limpidez
da banheira branca e amanhã
deitar-me-ei nua sobre um leito, se alguém
me quiser tomar. E um dia nua, sozinha,
hei-de ficar, de costas por baixo da terra,
quando a morte vier me chamar.


(Trad. A.M.)

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