10.6.11

Dante Medina (Carta a Deus por não poder pagar o recibo da luz)





CARTA A DIOS POR NO HABER PODIDO PAGAR EL RECIBO DE LA ELECTRICIDAD



Dios que todo lo das,
quítame algo.


Das la luz cada mañana, puntualmente, Dios.
Quítame, por favor, un poco de salud
que no me moriré por eso.
Quítame, si quieres,
algunos de los dientes
que creo que tengo muchos.


Dios que todo lo das,
a mí quítame algo.


Das la luz cada mañana, y lo haces muy bien, Dios.
Quítame, por favor, un poco de oído
que de todos modos seguiré oyendo.
Quítame, si quieres,
un poco de agilidad mental, tantito,
nada que vaya a dejarme tonto de más.


Das la luz cada mañana, y hay quienes ni cuenta se dan de eso,
Dios.
Quítame, por favor, algo de lo que tengo
porque soy de los que tienen más de lo que se comen.
Quítame, si quieres,
mi coche, haz que algunos de esos bancos que roban
se quede con un golpe de tecla de computadora con mis ahorros.


A cambio te ruego
- y para lo que te escribo es para eso -
que no me quites la luz.
Te ruego que no me quites la luz.
La luz del día.


Esto que te acabo de escribir
tómalo como un ruego
o
tómalo como una oración.
Tómalo como quieras
pero, por favor,
tú que todo lo puedes,
no me quites la luz del día Dios mío, no me quites la luz.


PD: Te voy a seguir escribiendo, pero ya no de noche, como antes.



Dante Medina


[Huelva-sur-libre]





Deus que tudo nos dás,
tira-me alguma coisa.


Dás-nos a luz cada manhã, pontualmente, Deus meu.
Tira-me, por favor, um pouco de saúde,
que nem por isso hei-de morrer.
Tira-me, se quiseres,
dois ou três dentes,
que eu acho que tenho muitos.


Deus que tudo nos dás,
tira-me algo a mim.


Dás-nos a luz de manhã, e fazes tu muito bem, meu Deus.
Tira-me, por favor, um pouco de ouvido,
que de todo o modo continuarei a ouvir.
Tira-me, se quiseres,
um pouco de agilidade mental, um bocadinho,
nada que me vá deixar tonto de mais.


Dás a luz em cada manhã e há quem nem se dê conta disso,
meu Deus.
Tira-me, por favor, algo do que tenho,
que eu sou dos que têm mais do que aquilo que comem.
Tira-me, se quiseres,
o automóvel, faz que um desses bancos que roubam
me fique com a poupança com um clique do computador.


Em troca suplico-te
- e para o que te escrevo é para isso –
que não me tires a luz.
Peço-te que me não tires a luz.
A luz do dia.


Isto que acabo de escrever-te
toma-o como um pedido
ou
então como oração.
Toma-o como queiras
mas, por favor,
tu que tudo podes,
não me tires, meu Deus, a luz do dia,
não me tires a luz.


P.S. Vou continuar a escrever-te, mas não já de noite, como antes.



(Trad. A.M.)


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